Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Do que pude constatar, a decisão de propor a revogação da classificação ocorreu na sequência de avaliação sobre a delimitação das Zonas Especiais de Protecção de vários imóveis classificados de Aveiro que a DRCC esteve a fazer recentemente (julgo que em 2012). No caso presente, e após essa avaliação, foi a própria autarquia de Aveiro que solicitou a revogação da classificação por ter entendido que esta era excessiva, pois condicionava a ocupação da zona urbana envolvente, e pelo facto de alguns dos imóveis em causa estarem muito degradados e na eminência de ruína.
Deixo dois comentários. Por um lado, não deixa de ser estranho que a alegação seja usada em causa própria (isto é, parte da responsabilidade do sucedido é pública, municipal). Por outro, que da tentativa de classificação como Imóvel de Interesse Público resulte, anos depois, o contrário do desejado, a sua destruição.
A partir daqui julgo que temos de evitar centrar a discussão na procura de atribuição da culpa e procurar encontrar novos caminhos. Que saídas então?
Um primeiro caminho poderia passar por perceber as razões que levaram à situação actual, algumas já apontadas por Alberto Souto, nomeadamente a crise da economia salífera e a dificuldade de investimento dos seus proprietários. No caso do palheiro municipal, talvez valesse a pena perguntar a razão porque se deixou chegar aquele estado um imóvel com tal importância e significado e já agora qual era o novo uso que lhe estava destinado. Mas outra das razões tem a ver a fragilidade da medida de preservação do património meramente através de classificação legal.
Um segundo caminho deveria centrar-se na procura de novas modalidades de valorização e preservação dos antigos armazéns de sal nas suas múltiplas dimensões. Admito que não é fácil responder a este desafio, mas talvez valesse a pena explorar duas vias. Uma que passe pela organização da memória do sal (fazer um esforço de registo, organização e divulgação do vasto espólio sobre o sal, envolvendo antigos marnotos, suas famílias, produtores e proprietários; dirigido a vários públicos, desde o escolar, comunidade mais próxima e visitantes), outra pela dinamização das actividades económicas, sociais e culturais que se têm vindo a desenvolver recentemente à volta do sal e da ria. Talvez estas duas vias ofereçam os programas e actividades necessários para dar uma nova vida aos antigos palheiros (envolvendo proprietários, antigos mestres da construção dos palheiros (*), novos empreendedores e, claro, a autarquia) ou para a sua reinvenção.
José Carlos Mota
(*) também neste caso com devido cuidado de registo de processo construtivo para memória futura
Ideias # Rede de Cidades do Sal
Divulgue
Em defesa dos antigos armazéns de sal de Aveiro
https://www.facebook.com/AntigosArmazensDeSal
Dois conjuntos de palheiros localizados no Canal de S. Roque (um dos imóveis, o da fotografia, é propriedade municipal) estão em risco de perder a classificação de Imóvel de Interesse Nacional pelo facto de estarem em muito mau estado de conservação (mais informação aqui http://sal.blogs.sapo.pt/2050.html). Com base no parecer da Direcção Geral do Património Cultural, que recomenda o fim da classificação, está a decorrer até ao dia 9 de Agosto um período de audição dos interessados que permite aos cidadãos e organizações pronunciarem-se sobre a decisão. Perante o estado dos palheiros será muito difícil argumentar contra a perda da classificação, que a CMA aparentemente já validou. É fundamental, no entanto, perceber que consequências terá a eventual perda de classificação, que novas regras de transformação urbana deverão ser definidas para os palheiros e terrenos onde estes se localizam (e já agora para a frente urbana do Canal de S. Roque) e qual o futuro desejado para o imóvel de propriedade municipal (que se encontra no estado que a imagem mostra).
Em defesa dos antigos armazéns de sal de Aveiro
Em defesa dos antigos armazéns de sal de Aveiro
http://sal.blogs.sapo.pt/
https://www.facebook.com/AntigosArmazensDeSal
AntigosArmazensDeSal@gmail.com
Em defesa dos antigos armazéns de sal de Aveiro
https://www.facebook.com/AntigosArmazensDeSal
Se quiser colaborar com esta causa ou se tiver documentos fotográficos ou estudos sobre os armazéns de sal em Aveiro que queira partilhar, entre em contacto connosco através do email AntigosArmazensDeSal@gmail.com.
'Quebra de produção de sal em Aveiro'
Reportagem Porto Canal
«A salicórnia é uma planta halófila que pode ser encontrada em Portugal, principalmente na região do Sapal (Algarve) e Aveiro (Davy et al., 2001; Assis et al., 2004). A salicórnia é rica em substancias diuréticas, depurativas e resolutivas. Possui tambem elevadas quantidades de iodo, fosforo, calcio, silica, zinco, manganesio e vitaminas A, C e D (LINK) . As paredes das suas células são ricas em arabinose, acido galacturónico, glucose, proteinas e contem ainda acido feralico e acetico (Renard et al., 1993)»
in
http://repositorio.ucp.pt/bitstream/10400.14/6329/4/2007_ESB_Morais_Rui-dig4.pdf
Mais informação
http://www.algebrica.pt/Arquivo/Clientes/salicornia/1/1/indexexp.html
in
http://repositorio-aberto.up.pt/handle/10216/66511
Pormenor de Aveiro, Carte des costes de Portugal et de partie d'Espagne depuis le cap de Finisterre jusque au détroit de Gibraltar. H. van Loon (gravador), 1751, Escala [1:1 000 000].
Fonte: Bibliothèque nationale de France, département Cartes et plans, CPL GE DD-2987 (1873 B) - http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/btv1b5966956n
«A valorização do salgado passa pela caracterização química do sal produzido, cujas características estão associadas à envolvente ambiental das marinhas e à sua origem geográfica. As características químicas de um sal marinho ainda não são completamente conhecidas, nomeadamente as que estão relacionadas com a sua composição volátil. (...) Nos sais analisados foi possível identificar compostos das seguintes famílias: hidrocarbonetos, álcoois, fenóis, aldeídos, cetonas, ésteres, compostos terpénicos e norisoprenóides. O sal marinho de Aveiro foi o que apresentou um maior número de famílias e de compostos identificados, relativamente aos sais provenientes das outras origens»
Silva, Isabel Mendes da (2007)
Designações relacionadas com as marinhas de sal da Ria de Aveiro
http://www.prof2000.pt/users/avcultur/diamdias/glosmari35.htm
«A projecção do comércio de sal, para e a partir do Porto, durante a Idade Média»
(http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/7939.pdf)
O conjunto de palheiros (armazéns de sal) localizados na zona Sudeste do canal de S. Roque encontra-se num estado lastimável, sendo que um deles, o maior, por sinal, é propriedade municipal.
A eventual perda de classificação como Imóvel de Interesse Público não pode ter como consequência a destruição total dos palheiros e a edificação de um conjunto de imóveis sem respeito pela memória existente.
Importa, por issom aproveitar o momento para lançar um debate sobre o futuro dos armazéns de sal em Aveiro, sobre qual o uso que deve ser dado ao palheiro municipal, sobre o seu papel numa estratégia global de valorização da ria de Aveiro e, finalmente, sobre a repercussão desta discussão no carácter da frente ribeirinha do Canal de S. Roque.
JCM
Palheiros degradados perdem classificação de imóvel de interesse público
'No caso de não surgirem reclamações ao anúncio no prazo de 30 dias úteis, com o despacho de homologação revogado, os dois conjuntos deixarão de estar em vias de classificação e extingue-se a ona geral de proteção de 50 metros a contar dos seus limites externos'
«A decisão tem por fundamento o facto de não se verificarem, atualmente, os pressupostos que levaram ao despacho de homologação da classificação como imóvel de interesse público (IIP), naquela data, nomeadamente, o elevado estado de degradação dos materiais construtivos, com a eminência irreversível de ruína das estruturas, apresentado por alguns dos imóveis, enquanto outros sofreram, ao longo do tempo, profundas alterações na construção e ou na recuperação adequadas a novas funções»
http://dre.pt/pdf2sdip/2013/07/136000000/2253522535.pdf
'Urbanizações ameaçam edificado ligado à história do sal'
Notícia de 23 Ago 2012
http://www.noticiasdeaveiro.pt/pt/26112/urbanizacoes-ameacam-edificado-ligado-a-historia-do-sal/
Apesar dos alertas
«O médico José Domingues Maia, conhecido estudioso, proprietário e defensor do salgado local, lança um derradeiro apelo para a preservação de algum do edificado que remete para o período áureo da salicultura. A cidade precisa de um espaço físico museológico à altura da importância que o salgado teve ao longo do tempo, defende»
notícia de 21-08-2012
http://www.diarioaveiro.pt/noticias/aveiro-cidadaos-lancam-apelo-em-defesa-de-antigos-palheiros
Mais informação: https://www.facebook.com/AntigosArmazensDeSal
A D.ª Maria viveu neste antigo armazém de sal durante muitos anos. Veio para aqui com os pais, fez a escola primária e mais tarde casou. A sua família tinha arrendado o primeiro andar, enquanto o piso térreo se mantinha como armazém de sal.Investiu com o seu marido muito esforço na manutenção do palheiro, construído com fundações fortes e bem revestido a madeira. Sonhavam um dia adquirir o imóvel, para iniciar actividade por conta própria, mas tal não se concretizou porque a autarquia de Aveiro fez primeiro o negócio. A família Neves acabou por abrir negócio uns palheiros abaixo e, apesar das vicissitudes, ainda hoje se mantém na 'arte do sal'. Lamenta que o reduzido número de marinhas e o tempo instável reduzam a produção local e os obrigue a importar sal, de França ou Espanha. Sofre muito com o desmazelo do ‘seu’ palheiro, tornado de todos ‘nós’. Não compreende, provavelmente como muitos marnotos, como é que ‘nós’ deixámos que tal acontecesse...
José Carlos Mota
«Em defesa dos Armazéns de Sal»
https://www.facebook.com/AntigosArmazensDeSal
http://amigosdavenida.blogs.sapo.pt/
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.